domingo, 11 de dezembro de 2011

As Novas Tecnologias e o Ensino de Química



A proposta educacional e de sua ideal – igualdade de oportunidades, participação, descentralização e autonomia – à política e à racionalidade econômica é a desconsideração da autonomia do setor educacional. “A educação não terá assim, uma finalidade em si mesma, sendo seus objetivos instrumentais para o desenvolvimento econômico” (Fonseca, 1999:67). E Para fomentar e estimular a informatização da sociedade brasileira, fazia-se necessário estender as aplicações da informática a todos os setores e atividades da sociedade, a fim de dinamizar e aperfeiçoar a realização de projetos de transformação social, buscando com isso a solução de problemas de diversas áreas - energia, saúde, educação, agricultura, transporte. Nessa conjuntura, a educação era considerada o setor capaz de “garantir a construção de uma modernidade aceitável e própria” (Moraes, 1993:17), apesar do atraso e das dificuldades que esse setor vinha apresentando para aceitar o inovador e o moderno. Também caberia à educação articular o avanço científico e tecnológico com o patrimônio cultural da sociedade e promover as interações que se fizessem necessárias.
A implantação dessa política era necessária a formação de recursos humanos altamente capacitados para o novo sistema. A partir 1985 as universidades se apresentavam como os principais formadores. Em 1975 a Unicamp promove intercâmbio entre seus pesquisadores e os do Massachusetts Instituto of Technology, o famoso MIT, nos Estados Unidos, com destaque para Seymour Papert e Marvin Minsky. Desse intercâmbio nasce um projeto para utilização dos computadores em educação, utilizando a linguagem LOGO – desenvolvida por Papert -, estando envolvidos no mesmo um grupo interdisciplinar de especialistas das áreas de computação, lingüística e psicologia educacional. Em 1977 o projeto passou a envolver crianças, sob a coordenação de dois mestrandos em computação. Também a UFRGS, no final da década de 70 e início da de 80 desenvolve experiências semelhantes, apoiadas nos estudos de Piaget e Papert. O Laboratório de Estudos Cognitivos (LEC) do Instituto de Psicologia explora as potencialidades do computador com a linguagem LOGO, com crianças de escola pública que apresentavam dificuldades de aprendizagem, buscando conhecer e compreender o raciocínio lógico-matemático dessas crianças bem como as possibilidades de intervenção junto a elas de modo a promover a aprendizagem autônoma dessas crianças.
Percebermos que desde as origens do processo de introdução da informática na educação, um fato que persiste até hoje, ou seja, os educadores e professores ficam quase à margem desses processos. Os projetos para o uso da tecnologia na educação envolvem técnicos e especialistas de áreas relacionadas com a tecnologia, mas não envolvem os profissionais diretamente envolvidos com a educação - os professores de sala de aula.
Entretanto, o MEC não assume a responsabilidade pela área. Esta fica a cargo da Secretaria Especial de Informática (SEI), a qual, em 1980 cria a Comissão Especial de Educação, a fim de realizar estudos sobre a aplicabilidade da informática na educação, acompanhar as pesquisas brasileiras em desenvolvimento, conhecer as experiências francesas e americanas e poder, com esses subsídios, gerar normas e diretrizes para a área de informática na educação. Observando outros países e suas diretrizes o Brasil implanta o Projeto Brasileiro de Informática na Educação – EDUCOM -, recomendado pela comunidade científica é elaborado em 1983, constituindo-se numa proposta de trabalho interdisciplinar voltada para a implantação experimental de centros-piloto, os quais eram considerados como instrumentos relevantes para a informatização da sociedade brasileira, pois visavam à capacitação nacional e uma política para o setor. E em 1984 o MEC assume a liderança do processo de informatização da educação, firma convênio com as universidades e a Fundação Centro Brasileiro de TV Educativa (Funtevê) – órgão do governo federal responsável pela coordenação e supervisão da aplicação de tecnologia educacional – para dar início às atividades de implantação dos centros. O Centro de Informática Educativa (Cenifor), que havia sido criado em 1982, vinculado à Secretaria Especial de Informáticaseinf-MEC), tem suas atribuições regimentais reformuladas para melhor adequar-se à coordenação, à captação e ao repasse de recursos visando o financiamento do Projeto Educom. O Cenifor, de acordo com documento do Funtevê, citado por Oliveira (1997:35), tinha também como finalidade promover a integração dos centros-piloto e garantir o repasse das informações a outras estruturas da rede federal e também das redes estaduais e municipais de ensino; acompanhar as atividades desenvolvidas pelos centros, além de promover as atividades de discussão sobre a utilização da informática no processo educacional junto a outros setores da sociedade. No entanto, em 1985, com o fim do governo militar e a transição governamental, ocorrem alterações funcionais nas instituições federais com conseqüentes mudanças de orientação política e administrativa. A nova administração do Funtevê entende que a pesquisa não é prioridade, efetiva o desmonte do Cenifor, o que relega os centros-piloto a uma situação financeira difícil, ficando a sua sustentação apenas por conta do MEC.
Em sua estratégia de ação, o Programa propunha segundo Moraes (1993:23), a convergência de esforços do setor educacional para a busca de autonomia tecnológica no país e a capacitação nacional para que a sociedade brasileira fosse capaz de assumir o seu próprio processo de informatização, colaborando para o desenvolvimento sócio-econômico e político do país. Uma das primeiras ações desenvolvidas foi a avaliação do Projeto Educom. Ainda segundo Moraes (1993), o relatório final dizia que, apesar dos problemas, os centros-piloto vinham desenvolvendo as atividades a que se propuseram, não havendo dúvidas quando às suas reais possibilidades na consecução das metas propostas; recomendava também a manutenção do apoio técnico e financeiro aos centros, maior intercâmbio entre os pares, maior incentivo à pesquisa. outro projeto foi o projeto Formar, uma das ações desenvolvidas pelo CAIE, visava, de acordo com Oliveira (1997:45-6), a formação de professores e técnicos das redes municipais e estaduais de ensino de todo o país para o trabalho com Informática Educativa, de modo a tornarem-se agentes catalisadores junto às suas redes de ensino. Esses profissionais tinham a incumbência de viabilizar a implantação de Centros de Informática Educativa (CIEDs) em seus respectivos estados e municípios e capacitar outros docentes em seu lugar de origem. O primeiro curso de Informática na Educação realizou-se em 1987, no Educom (Nied) da Unicamp, e contou com a participação de 52 professores e técnicos de 24 estados, como alunos, além de componentes dos centros-piloto na equipe docente os CIEDs. em 1988 os projetos começaram a ser implantados, e constituíam-se, conforme Moraes (1993:24), em ambientes de aprendizagem informatizados, integrados por grupos interdisciplinares de educadores, técnicos e especialistas, utilizando programas computacionais de uso/aplicação da informática educativa. Tais centros tinham como propósito atender alunos e professores de 1º e 2º graus, de educação especial, e à comunidade em geral; deveriam constituir-se em centros irradiadores e multiplicadores da tecnologia da informática para as escolas públicas e os grandes responsáveis pela preparação de uma significativa parcela da sociedade brasileira rumo a uma sociedade informatizada. O computador é definido, em todas as propostas, como ferramenta educacional, devendo ser utilizada para instrumentalizar os alunos nas áreas de maior demanda no mercado de trabalho: sistema operacional, processadores de textos, banco de dados, planilha eletrônica, linguagens de programação e manipulação de utilitários. As sessões em que os alunos tinham contato com o computador aconteciam uma ou duas vezes por semana, com duração de mais ou menos 45 minutos cada, em horários extraclasse, transformando-se em cursos de profissionalização de adolescentes que visavam à consolidação da capacidade técnica e o aprofundamento em programação.
De acordo com Oliveira (1997:48), mesmo com a criação dos CIEDs a Política Nacional de Informática Educativa ainda não estava definida por completo. Buscando contribuições e recomendações de pesquisadores, técnicos, empresários e autoridades na área, para a definição do modelo de informatização educacional a ser seguido pelo governo brasileiro, foi realizada em 1987, em Florianópolis, a “Jornada de Trabalhos de Informática na Educação: Subsídios para Políticas”.
Para o desenvolvimento de suas finalidades o Programa previa o apoio à criação e implantação de Centros de Informática na Educação distribuídos em todo o país, atendendo aos ensinos fundamental, médio e superior e à educação especial, junto às Secretarias de Educação, Universidades e Escolas Técnicas Federais. Esses centros constituíram-se em três categorias distintas, de acordo com seus campos de atuação: Centros de Informática na Educação de 1º e 2º graus (CIEds), Centros de Informática na Educação Tecnológica (CIET) e Centros de Informática na Educação Superior (CIES) em 1991, a Informática Educativa ganha espaço na lei que regula a Política de Informática no Brasil, cabendo ao MEC a responsabilidade pela implementação de ações de formação de recursos humanos na área de informática. Para tanto, foram inclusos na parte orçamentária, recursos para a implantação de Centros de Informática Educativa e execução das ações do Proninfe.


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